quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Danos à saúde dos fumicultores e sintomas de intoxicação

Para garantir uma safra de qualidade, a folha de tabaco requer o uso intensivo de agrotóxicos. O amplo uso dessas substâncias ocasiona o adoecimento de inúmeros plantadores de fumo. Para agravar a situação, 55% dos fumicultores não utilizam equipamentos de proteção como máscaras, luvas e botas. A justificativa para tal inadvertência é o alto custo dos equipamentos e por serem quentes, não adaptados ao clima tropical.

As conseqüências do contato excessivo com agrotóxicos podem ser náuseas, tonturas, dores de cabeça, alergias, lesões renais e no fígado, cânceres, alterações genéticas, incapacidade para o trabalho e até a morte.



A nicotina vem das folhas do tabaco

Os fumicultores são orientados pela indústria de tabaco a fazerem 16 diferentes tipos de aplicações de pesticidas nas sementeiras, durante 3 meses antes da sua transferência para o campo. Nessas operações, não raramente ocorrem mortes por envenenamento.


Essas substâncias estão classificadas como toxicológicas I (extremamente tóxico) e II (altamente tóxico) por causarem sérios danos à saúde. Pertencem a três grupos: organofosforados, carbamatos e piretróides. Os dois primeiros são absorvidos pela pele, por inalação ou ingestão e têm uma grande capacidade de inibir a colinesterase, enzima fundamental na transmissão dos impulsos nervosos. Nos casos de intoxicações graves, os níveis dessa substância já estão muito baixos.


Os piretróides raramente causam intoxicações agudas. Causam vários tipos de reações alérgicas: nos olhos, pele, respiração (asma e crises de rinite), bem como sensação de formigamento nas pálpebras e ao redor da boca. A intoxicação aguda ou a exposição crônica aos organofosforados levam a três tipos de seqüelas neurológicas no fumicultor:

1 - Polineuropatia retardada que se manifesta com o quadro de fraqueza progressiva com perda da coordenação nas pernas, podendo evoluir até à paralisia;

2 - A síndrome intermediária que tem como sintomas a intensa diarréia, paralisia dos músculos do pescoço, pernas e da respiração. Quando se manifesta de forma aguda, caso não haja socorro imediato, pode levar ao óbito por insuficiência respiratória aguda, ou seja, o fumicultor morre sufocado, pois os músculos envolvidos nos movimentos respiratórios ficam paralisados;

3 - Efeitos comportamentais, dentre eles citamos as alterações do sono como insônia e sono agitado, dificuldade de concentração, além de várias seqüelas psiquiátricas como apatia, irritação, depressão e até esquizofrenia.

O cotidiano dos fumicultores é de intenso sofrimento, podendo justificar os altos índices nessa população de depressão, ansiedade e de doenças psiquiátricas. Considerando o total de suicídios, na cidade de Venâncio Aires, no Rio Grande do Sul, município com maior produção de folha de fumo, 80% dos casos ocorrem entre os agricultores.

O manganês é um metal encontrado em fungicidas usado nas lavouras. Um estudo realizado com os fumicultores detectou altos índices desse metal. A intoxicação aguda e crônica pelo manganês manifesta-se por sintomas neurológicos como tremores e quadros semelhantes ao Mal de Parkinson.

Sintomas de intoxicação nos fumicultores:

- fraqueza com sensação de mal-estar, tremores e dores no corpo, principalmente nos braços, pernas e peito;
- dores de cabeça, tonturas, alterações e irritações visuais;
- salivação e transpiração aumentadas;
- náuseas, vômitos, cólicas abdominais;
- respiração difícil e falta de ar, irritação nasal e na garganta;
- queimaduras e alergias na pele;
- alteração na quantidade e cor da urina;
- irritabilidade, ansiedade e angústia;
- crise de convulsões (ataque epilético);
- frases desconexas e sem sentido;
- desmaios, perda de consciência até o coma e morte.

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