terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Como evitar problemas de saúde em viagens de longa duração

Problemas decorrentes da imobilização nas viagens de longa duração
As viagens internacionais de longa duração fazem com que o viajante permaneça sentado por várias horas. Isto pode ter conseqüências muito importantes em termos de saúde. A imobilização das pernas faz com que o sangue que retorna ao coração pelo sistema venoso tenha uma dificuldade maior para vencer a gravidade já que a pessoa viaja na maior parte do tempo sentada. Em algumas pessoas, o acúmulo de sangue nas pernas faz com que se formem coágulos que podem se despregar da parede das veias das pernas, seguindo junto com o sangue para o coração. No coração, esses coágulos passam pelo átrio direito, pelo ventrículo direito e saem para o pulmão pela artéria pulmonar. À medida que a circulação pulmonar se ramifica, esses pequenos coágulos podem bloquear os capilares, impedindo que o sangue que corre por esse capilar capte oxigênio. Dependendo do tamanho dos vasos que ficam obstruídos a pessoa ter uma insuficiência respiratória, porque o sangue que vai para o pulmão não consegue descarregar o CO2 e capturar mais oxigênio. A formação de coágulos nas pernas (membros inferiores) recebe o nome de trombose venosa profunda.

A trombose venosa profunda às vezes é de fácil diagnóstico porque as pernas ficam muito inchadas e com uma coloração arroxeada pelo acúmulo de sangue. Quando um pedaço de coágulo formado na perna se desprende e vai para o pulmão impedindo a troca de oxigênio e gás carbônico recebe o nome de embolia de pulmão ou tromboembolismo pulmonar. A embolia de pulmão é uma doença grave com alto índice de mortalidade mesmo quando tratada no início.

Esse assunto tem ficado tão comum que vários cientistas começaram a estudar o problema. Dois artigos de revisão foram publicados tentando mostrar que o risco de trombose associado às viagens de longa duração é realmente muito elevado, e quais seriam as pessoas com alto risco para essas complicações tromboembólicas. Uma revisão de todos os estudos realizados até o momento mostrou um risco aproximadamente 3 vezes maior de apresentar uma trombose nos membros inferiores em pessoas que viajaram de avião em relação às que não viajaram. Esse risco aumenta quando a pessoa que viaja preenche algumas condições como idade elevada, presença de varizes e outros sinais de insuficiência venosa, como inchaço de membros inferiores, história de trombose venosa prévia, pessoas com doenças do sistema de coagulação que favoreçam o aparecimento de tromboses, grávidas ou mulheres nos primeiros dois meses após o parto e pessoas obesas ou que estiveram em extenso repouso no período prévio à viagem.


Os estudos mostram que o risco também aumenta nas viagens muito longas, com mais de 10 mil km ou duração maior do que 6 a 8 horas. Um outro fator é que o ambiente dentro do avião, muito seco pelo uso do ar condicionado e com pressão na cabine inferior à que existe normalmente no meio ambiente ao nível do mar, diminui a quantidade de oxigênio no ar e favorece a desidratação, o que aumenta o risco de trombose.

Embora o número de casos de tromboembolismo pulmonar típico seja muito pequeno, em torno de 1,5 caso por 1 milhão de pessoas, quando o número de horas de viagem se eleva para mais de 8 horas, o número de casos aumenta para 2,6 por 1 milhão de pessoas. Entretanto, um estudo que analisou a presença de tromboses em pessoas que viajaram por muitas horas fazendo um Doppler (exame que vê o fluxo de sangue nas veias a perna) de membros inferiores depois da viagem mostrou que a freqüência de algum tipo de trombose - mesmo que muito pequena e assintomática - nos viajantes era muito mais elevada, sendo em torno de 1,6% em pessoas sem nenhum fator de risco, mas em torno de 5% nas pessoas com algum fator de risco para trombose.

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