quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

A cirurgia para implantar o coração artificial

Cirurgia de sete horas

A cirurgia para implantar o coração artificial AbioCor é delicadíssima. Além de os cirurgiões removerem os ventrículos direito e esquerdo do coração natural, eles também colocam um corpo estranho no peito do paciente. O paciente precisa ser acoplado a uma máquina de circulação extra-corpórea, da qual será separado posteriormente. A cirurgia exige centenas de pontos, para prender adequadamente o coração aos ventrículos artificiais. Enxertos ligam o AbioCor às partes restantes do coração natural. Os enxertos são um tipo de tecido sintético usado para ligar o dispositivo artificial ao tecido natural do paciente.


Em 1982, o dr. William Devries implantou o Jarvik-7, o primeiro aparelho projetado para ser um coração totalmente artificial. A cirurgia foi feita na Universidade de Utah, e o paciente era o dr. Barney Clark, um dentista de Seattle. Clark viveu 112 dias com o coração antes de sucumbir às complicações causadas pelo aparelho.
O Jarvik-7 era um coração movido a ar, projetado pelo dr. Willem Kolff e o dr. Don Olsen. Ao contrário do compacto AbioCor, o coração Jarvik-7 exigia vários fios externos, que se projetavam do paciente e se conectavam a uma grande unidade externa. Estes fios causaram várias infecções em Clark.

Mais quatro pacientes receberam o Jarvik-7 antes de sua fabricação ser suspensa por causa de complicações, incluindo derrame, falha mecânica e problemas de adaptação anatômica. Desde então, ele foi aprimorado e rebatizado, e agora se chama coração CardioWest. Ele é usado apenas em situações experimentais enquanto o paciente espera pelo transplante.

Em conseqüência da complexidade da cirurgia, há muitos profissionais da área médica presentes durante a operação. A cirurgia feita em 2 de julho de 2001, a primeira deste tipo no mundo, contou com uma equipe de dois cirurgiões liderando, 14 enfermeiras, perfusionistas, anestesistas e outros profissionais da equipe.

Os cirurgiões implantam no abdome a espiral de transferência de energia.
Abre-se o esterno, o osso do peito, e coloca-se o paciente em uma máquina de circulação extra-corpórea (em inglês).
Os cirurgiões removem os ventrículos direito e esquerdo do coração natural; eles deixam os átrios esquerdo e direito, a aorta e a artéria pulmonar. Só esta parte da cirurgia leva de duas a três horas.
Costuram-se punhos atriais aos átrios direito e esquerdo do coração natural.
Coloca-se um modelo plástico no tórax para definir a posição e o tamanho exatos do coração no paciente.
Cortam-se os enxertos no comprimento adequado, costurando-os à aorta e artéria pulmonar.
Coloca-se o AbioCor no peito; os cirurgiões usam "prendedores rápidos" - como se fossem pequenos colchetes - para ligar o coração à artéria pulmonar, à aorta e aos átrios direito e esquerdo.
Remove-se todo o ar do dispositivo.
Retira-se o paciente da máquina coração-pulmão.
A equipe de cirurgia verifica se o coração está funcionando adequadamente.
Desde o primeiro transplante, outras onze cirurgias foram feitas. A mais recente teve lugar em 20 de fevereiro de 2004. Como parte de uma tentativa clínica, o paciente número 12 foi submetido a uma cirurgia no Hospital Episcopal St. Luke, em Houston, no Instituto Texas do Coração.

Originalmente, executivos da Abiomed alertaram contra resultados muito otimistas; as previsões mais otimistas eram de que um paciente viveria até seis meses com o coração AbioCor. O aparelho é projetado apenas para dobrar a expectativa de vida de pacientes que teriam somente cerca de 30 dias de vida antes da operação.

Robert Tools, o paciente que recebeu o transplante de coração em 2 de julho de 2001, no Jewish Hospital em Louisville, faleceu. Dez outros pacientes também morreram, mas viveram em média cinco meses depois de seus transplantes.

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