quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

O infarto do miocárdio

Infarto
O infarto do miocárdio ou IM acontece quando uma artéria coronária está completamente obstruída e o sangue não consegue fluir por ela. O resultado é que parte do músculo cardíaco morre. Esta obstrução é provocada por um coágulo e ocorre em uma artéria que já possuía uma placa ateroesclerótica.




De acordo com a American Heart Association (Associação Americana do Coração), acontecem mais de um milhão de infartos por ano nos Estados Unidos.

Algumas pessoas pensam que qualquer angina ou dor no peito é um infarto. Isto não é correto; a angina é reversível e não causa a morte das células musculares do coração. Também é errado pensar que em todo infarto o coração pára de bater. Mesmo que isso aconteça, o termo correto para este fato é parada cardíaca.

Dores no peito são os sintomas mais comuns de um IM. A dor, neste caso, é parecida com a que acontece na angina, mas normalmente mais grave e mais prolongada. É normalmente descrita como um aperto, uma compressão, uma pressão ou mesmo um sentimento de peso no peito. A dor se localiza na região do esterno (parte central e posterior do peito) e pode atingir o braço esquerdo, as costas, o pescoço e a mandíbula. Sintomas associados incluem dificuldade na respiração, náusea, vômitos, suor intenso e algumas vezes, uma sensação de opressão torácia e morte iminente.

Para confirmar o diagnóstico de um IM, são feitos testes de sangue e um eletrocardiograma (ECG ou EKG).

ECG
Durante um IM, o ECG mostra diversas alterações. A inicial é chamada de onda T invertida. Esta é uma onda T mais elevada e mais pontiaguda do que a normal. Esta anomalia dura pouco sendo seguida pela elevação do segmento ST. Esta é a marca registrada de um IM agudo, que acontece quando um músculo cardíaco está sendo isquêmico. Isto também é chamado de corrente de lesão. Com o passar do tempo, quando as células musculares cardíacas morrem, aparecem as ondas Q. No entanto, nem todo paciente tem todas estas alterações. Na verdade, mesmo nos pacientes com infarto, a elevação do ST pode não ultrapassar os 40%. Quando uma onda Q se desenvolve logo após o IM, geralmente corresponde ao IM transmural , ou seja, toda a espessura da parede do músculo cardíaco morreu. Ao contrário, quando uma onda Q não aparece após o IM, normalmente significa que não houve morte de toda a espessura da parede muscular, caso chamado de IM subendocardico, onde apenas a camada interior está morta. Um eletrocardiograma não indica apenas ao médico se o IM está acontecendo, mas também em que parte do coração ele ocorre e qual artéria está envolvida. O IM pode ser correlacionado a uma parte específica do coração, como mostra a tabela abaixo:

Paramêtros do ECG Localização do IM Artéria coronária
II, III, aVF IM inferior Artéria coronária direita
V1-V4 IM anterior ou anteroseptal Artéria descendente anterior esquerda
V5-V6, I,aVL IM lateral Artéria circunflexa esquerda
Depressão no ST em V1, V2 IM posterior Artéria circunflexa esquerda ou artéria coronária direita

Nota: existem muitas variações anatômicas.


Testes de laboratório
Após um IM, alguns exames de sangue identificam certas "anormalidades" devido à liberação de compostos químicos na corrente sanguínea, em conseqüência da morte das células musculares do coração. Isso não ocorre instantaneamente, geralmente leva algumas horas e é por isso que o médico nem sempre pode garantir que a pessoa esteja passando por um IM no exato momento em que a atende. Como os resultados podem demorar a sair, a internação em um hospital, além de vários exames de sangue e algumas sessões de eletrocardiogramas, podem ser necessárias para que se confirme o diagnóstico de IM.
Estes compostos químicos são chamados de marcadores de IM e incluem a CPK, CPK-MB, troponina e a mioglobina. Alguns destes marcadores são encontrados em outras células e têm uma utilidade limitada no diagnóstico do IM.


Teste de laboratório Começa a aumentar Pico Duração Encontrado no
CPK 4-8 horas - 48-72 horas Coração, cérebro, músculo esquelético
CPK-MB 3-4 horas 12-24 horas 48 horas Coração
Mioglobina 1-2 horas 4-6 horas 24 horas Coração, músculo esquelético
Troponina 3-6 horas 12-24 horas 1 semana Coração

Tratamento do IM
Inicialmente, o paciente é colocado em um monitor cardíaco devido ao risco de arritmias. A fibrilação ventricular, um exemplo de arritmia e freqüente causa de morte dos pacientes que não conseguem chegar no hospital em tempo, mata em poucos minutos se não for contida. Por ano, aproximadamente 250 mil pessoas morrem de infarto antes de chegar no hospital. A dor no peito é tratada principalmente com nitroglicerina, seja por via sublingual ou intravenosa, a morfina é utilizada apenas se a dor persistir. Uma aspirina também deve ser administrada pelos paramédicos ou algum familiar. Betabloqueadores e inibidores da enzima de conversão são administrados depois do IM e diminuem o risco de morte.

Trombolíticos
Estreptoquinase, TPA (ativador do plasminogênio tissular) e reteplase são medicamentos trombolíticos que dissolvem os coágulos de sangue nas artérias coronárias, causadores dos IM. Estes medicamentos diminuem as mortes por infarto, portanto é importante que sejam ministrados o mais rápido possível, assim que o IM for diagnosticado. A demora causa a morte das células, fato permanente e que não pode ser revertido nem com a posterior dissolução do coágulo e restauração do fluxo. Existe um famoso ditado na medicina que ilustra essa urgência, "tempo é músculo" quer dizer exatamente isso, quanto maior o tempo que a musculatura passar sem receber o fluxo de sangue, mais rapidamente ela morre. Existem diversos debates sobre qual destes medicamentos é mais eficiente, além de inúmeras contra-indicações ao seu uso, como em pacientes com:

hemorragia interna ativa
histórico de derrame
câncer ou aneurisma cerebral
cirurgia intracraniana ou medular recente
diátese hemorrágica
hipertensão grave
Estes medicamentos possuem efeitos colaterais, sendo a hemorragia a mais comum. Se ocorrer hemorragias no cérebro, pode causar um derrame com risco de morte.
Angioplastia no IM
Outro tratamento para o IM é a angioplastia. A obstrução é mecanicamente aberta com um balão durante o cateterismo cardíaco. Muitos cardiologistas acreditam que esta terapia possui vantagens sob o uso dos trombolíticos. No entanto, para ser efetiva, a angioplastia precisa ser realizada dentro dos primeiros 60 minutos do IM, em um hospital com experiência no procedimento. Menos de 20% dos hospitais dos EUA atendem estas condições.

Obviamente, existem diversas complicações provenientes de IM. As mais comuns são:

Arritmias - variação da batida normal do coração
contrações ventriculares prematuras
taquicardia ventricular
fibrilação ventricular
ritmo idioventricular acelerado
bloqueio no nó atrioventricular
bradicardia
taquicardia supraventricular
Insuficiência cardíaca - a incapacidade do coração de bombear o sangue que o corpo necessita. Se 20-25% do ventrículo esquerdo ficar danificado por causa do IM, ocorrerá insuficiência cardíaca. A morte geralmente acontece se mais de 40% do coração sofrer o infarto.
Ruptura cardíaca - o coração se rompe nos músculos papilares (anexos à válvula Mitral) ou no Septo Ventricular (parede entre os ventrículos esquerdo e direito)
aneurisma no ventrículo esquerdo
pericardites
embolias
um novo IM
Depois de um infarto do miocárdio, recomenda-se vários dias de repouso no hospital. Um programa de reabilitação cardíaca é um dos procedimentos indicados para a recuperação após o IM. A reabilitação inclui exercícios programados e educação sobre doenças cardíacas e fatores de risco. Um teste de estresse também é feito algum tempo depois para indicar o grau de tolerância aos exercícios e à isquemia. Se a isquemia persistir acompanhada de dores no peito, pode ser necessário um cateterismo cardíaco para saber se a angioplastia ou se uma ponte de safena serão necessárias.

Alguns medicamentos ministrados após o IM são: a aspirina, betabloqueadores e inibidores da enzima de conversão.

Após ler este artigo, uma das coisas que provavelmente estará pensando é "eu não quero ter aterosclerose!". Uma das melhores características desta doença é que você pode fazer algumas coisas para diminuir os fatores de risco. Aqui estão alguns exemplos:

parar de fumar
reduzir os níveis de colesterol
reduzir a pressão arterial
perder peso
fazer exercícios
Esperamos que este artigo tenha ajudado na compreensão de como funcionam as doenças cardíacas mais comuns. Quem sabe isso pode ser o empurrão inicial necessário para um maior controle dos fatores de risco que levam a estas doenças. Caso você desenvolva uma DC (doença coronariana), possuir um conhecimento sobre o que está acontecendo irá ajudar no tratamento.

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